segunda-feira, 13 de abril de 2009

Eu vi o povo brasileiro

Eu vi o povo brasileiro. Foi em Belo Horizonte, Minas Gerais. Passava das seis horas da tarde, logo após a partida entre Atlético e Rio Branco pelo Campeonato Mineiro de futebol. Na saída do estádio Mineirão, em meio a fantasia e o ópio das massas que são a síntese do futebol neste continente, lá estava o povo brasileiro.
Vestia surradas roupas e um colete de vendedor credenciado da partida. O povo brasileiro era uma senhora, pequena, de faces muito enrugadas, aparentando possuir mais de 80 anos. Parada na saída do jogo, em meio aquele tumulto, sorria. Parecia uma imagem celestial, uma santa do terceiro mundo.
A imagem daquela senhora me despertou sentimentos distintos. Senti ao mesmo tempo ternura por aquela frágil figura e vergonha por as vezes por reclamar da vida, enquanto a idosa precisa trabalhar aos domingos, em ambientes tumultuados como os dos estádios de futebol, para não morrer de fome e necessidade.
Aquela senhora era o povo brasileiro, ali no meio da multidão, fazendo mágica pra driblar as dificuldades. O povo pobre do país rico. Como diz o grande Renato Russo "Que país é esse?" Que país é esse que vai sediar uma Copa do Mundo e obriga seus idosos a trabalhar, lhes negando a dignidade.
Mas apesar de tudo, aquela senhora ainda sorria. É como o nosso Zé Dylan da Paraíba canta "Vida de gado, povo marcado, povo feliz". Viva o nosso sofrido povo brasileiro.

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