segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Crença

Não acredito em nada
Não duvido de nada

Todo mundo morre

Todo mundo morre e apodrece
Rico e pobre
Católico e protestante
Senador e deputado
Careta e chapado
Branco e negro
Gremista e colorado
Gordo e magro
Mauricinho e nerd
Comunista e capitalista
O Fidel e o Obama
Cachorro e gato
O cara legal e o chato
John Lennon e o Latino
A gorda e a gostosa
Eu e você
Mais cedo ou mais tarde

Só o rock salva

Só o rock salva
O que não é rock me aborrece
Me entristece
O que não é rock não me surpreende
É decante
É mentira fora da lente
Só o rock salva

Sunshine

O que é felicidade?

Uma tarde ensolarada
O jogo de bola da criançada
A música certa na hora certa
A mente sempre aberta
Novas possibilidades
Novos mundos
O sorriso da bela
Todas as cores em uma aquarela
O vôo da borboleta
Escuro do cinema
Um dia sem problemas
O osso pro cachorro
A vista no alto do morro
Vida
Vida que pulsa

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

2009

Um bilhão sente fome
Um bilhão de rostos sem nome
A vergonha do planeta
Uma crise
Uma gripe
Um ditador do norte
Um planeta com medo da morte

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Inverno em Cariava

Céu cinza metálico
Os cães procuram um buraco
Chuva eterna
O vento frio na janela
Cidade melancolia
A morte da alegria
Temperatura zero graus
Homens e mulheres urso hibernam
Soldados na caserna
A tv na telenovela
A vida se apagou na última vela

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

People

Corrêa, Schmitt, Stein, Vicenti, Marquêz
Guessinger, Leindecker, Viana, Barone,
Ribeiro, Miklos, Belotto, Brito, Mello, Gavin,
Reis, Frejat, Manfredini, Paez, Ramil

Obrigado!

La ciudad

Camino por las calles de la ciudad
Son calles antiguas, hermosas
Los personages de la ciudad hablan conmigo
Cantantes de tango hablan de sus amores inconprendidos
Hinchas de fútbol gritan, somos campeónes
Militares recurdan los cañones
En los bares las personas toman café o cerveza
Son buenos los aires de esta ciudad
Las viejas rezan en las iglesias
En el rio, la plata
En los barrios obreros
Pibes pobres roban estrangeros
Ejecutivos ajetan sus corbatas
Camino por las calles de la ciudad
Hace frio
No tengo nonbre, no se cual es mi edad
Yo soy las calles de la ciudad
Yo soy la alma de la ciudad
Yo soy la ciudad

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Lama

Estou afundando num mar de lama existencial.
Cada vez afundo mais. Cada vez mais minha letargia me puxa para baixo, para o fim.
Me debato, tento resistir, escapar do inevitável.
Tento algo novo, mas não adianta. É mais forte do que eu.
A cada minuto afundo mais.

Palavras

Blablablá blá blablablá blá
Blablablá blá blablablá blá
Blablablá blá blablablá blá
Blablablá blá blablablá blá

Quem fala muito, não diz nada
Quem ouve de tudo, não ouve nada

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Poema em pânico

O coração dispara
As pernas bambas
o braço formiga
sensação de ataque cardiaco
terror em ascala ascendente
pensamento de morte iminente

terça-feira, 28 de abril de 2009

Pequeno poema para Nenhum de nós

Estes caras são meus camaradas
nas tristezas e rizadas
Quando minhas mãos estão cansadas
são o ombro amigo que sempre está lá
trazem conselhos, paz e amor
Quando os escuto é sempre uma noticia boa
um estado de completa felicidade santa

Apocalipse now

E o mendigo ergueu-se, meio cambaleante, em meio ao cheiro de carne putrefada e pedaços de cimento descolados no chão e disse:
" E no final somente as baratas herdarão a terra"

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Medo

Sentimento engraçado o medo


Medo do fracasso,
de decepcionar alguém,
quem gosta de nós,
de quem nós gostamos,
medo de ser feliz
medo de morte
medo de tentar
medo de ficar,
de ir
medo de aranhas
de morar longe
medo da doença,
medo do diferente
medo de barata
medo de seguir em frente

medo, medo, medo, medo

Eu tenho medo

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Desaparecidos

Eles são filhos, mães, pais, avós
Todos sorriem nas fotos
Tão bonitos nas fotos
Desaparecidos por regimes militares sem país, pais, mães e coração
A noite em casa e no dia seguinte não
Nunca mais
Culpados por não se calarem contra a injustiça
Mães de maio pedem justiça
Onde estão os desaparecidos?
Um rockstar pede, "devolvam os mortos aos vivos"
A dor na mente
A ferida aberta do continente

Hermanos

O rock argentino é musica de primeira
nomes criativos e figuras intensas
Tem o Soda Stereo e sua musica ligeira
Fito Páez o monstro de Rosário
nas asas da mariposa da mariposa tecnicolor
Charly Garcia sempre perto da revolução
Os muchachos dos Inmigrantes e seu grafite do interior
Leon Gieco canta a América Latina e sua dor
O rock argentino é rock de verdade
Emoção sensível e bruta
que paira sobre toda a América latina

quinta-feira, 23 de abril de 2009

João

João é brasileiro
Trabalha duro na fábrica de sabão
O salário mal da pra comprar pão
Só uma vez por mês ia sambar no salão
Um dia neguinho gritou com o três oitão
" levanta a mão"
Era assalto, o João falou
"Que isso meu irmão, não tenho mais dinheiro não"
O assaltante deu um tiro e o João caiu no chão.
Dois dias depois a fábrica de sabão contratou outro João

Estrada

Saio de Cariava, Porto Alegre, Curitiba
chego em Caxias, Belo Horizonte, Cordoba

Não sei de onde estou vindo*
Não sei pra onde estou indo

Buenos, Aires, Santiago, Campo Grande
Pelotas, Recife, Rio Grande

Rodoviária pego o ônibus
Na estrada passo mais tempo que em casa

Fortaleza, Bom Jesus, Divinópolis
Ouro Preto, Campinas, Florianópolis

Não sei de onde estou vindo
Não sei pra onde estou indo

* Citação da música Turnê, de Branco Mello, Nando Reis, Sérgio Britto e Charles Gavin

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Olhos vermelhos

Caminhava tranquilamente quando no meio do mato ele viu.
Os olhos vermelhos da fera a lhe espreitar.
O medo o deixou paralisado, não conseguia andar e nem correr.
Eram os olhos mais terríveis e penetrantes que já havia visto.
Por três dias inteiros ele ficou ali paralisado.
Foi neste momento em que a fera de olhos vermelhos saltou em sua direção. Cravou suas garras com firmeza no centro de seu ventre. Ele sentiu o sangue atravessar sua garganta. O medo havia acabado.

Currículo

Entregar currículo todo dia
Essa é a minha rotina
atravesso todas as esquinas
segunda, terça, quarta, quinta, sexta
sempre esperando por uma entrevista
um, dois, nove, quinze currículos em 30 cidades
quando uma entrevista aparece é uma felicidade
é agora, tem que ser dessa vez
mas o que sempre ouço é "prazer te conhecer, mas não foi dessa vez"
E aí eu volto pra minha rotina
Entregar currículo todo dia
Um dia a bola bate na trave e entra

Dúvida

A dúvida me corroe
Quem sou eu?
Pra onde vou?
O que vou fazer?
A dúvida me engole
O que existe do outro lado?
Qual o sentido existência?
Como vou estar daqui a 50 anos?
Vou estar aqui daqui a 50 anos?
Onde vou morar?
No que vou trabalhar?
Dúvida, dúvida, dúvida, dúvida
Só ela caminha comigo

Adrenalina

Adrenalina é o que essa moçada gosta
Essa moçada do Brasil varonil
Surfar em cima do trem lotado
De bike pegar carona no ônibus pra subir o morro
Se equilibrar do lado de fora da porta do busão é outra modalidade
Adrenalina a mil
Essa moçada é medalha de ouro
O futuro do Brasil

sábado, 18 de abril de 2009

Furlin

O Furlin é lá de Antônio Prado
Ele é meio brabo
parece que têm uma cara mal
Mas na verdade é uma cara muito legal
o que ele gosta mesmo é de torcer pro colorado
nunca se faz de rogado
só quer viver sossegado.

Moça na beira da piscina

Moça de curvas insinuantes
bem distribuídas
de biquíni na beira da piscina,
o meu coração palpita
rosto de anjo
sorriso que ilumina mil cidades
o corpo é convite para pecado
caminha com sensualidade
a cada passo despedaça corações
eu já nem sei mais qual é a minha idade
sou um guri esperando um pedaço de doce

A busca

As pessoas sempre estão buscando emprego,
fama,
dinheiro,
aposentadoria,
reconhecimento,
amor,
ônibus lotado,
alguma coisa,
um lugar legal,
ter filhos,
razão para viver,
paz,
uma casa para morar,
ajuda do governo,
Deus,
imortalidade para fugir do medo da morte.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Música para camaleões

Suas músicas nos fazem pensar,
sacudir o esqueleto,
se emocionar ,
vibrar,
e até chorar
O rock made in RS é 10
nenhum de nós, Engenheiros, Cidadão
terra de poucas vogais
essas bandas não são iguais
Cachorro, Papas e até o Armando
todo dia têm uma banda de qualidade se formando
rock cabeça com gaita
essas bandas são trilegais
Sob um céu de blues com Cascaveletes
e punk rock até os ossos
só se for com a Tequila Baby
Donde andaras mi general
opa, taí a Ultramen
O rock gaúcho é do bem
Essas bandas são trilegais
e não são iguais

o rock gaúcho é o canal

A cidade

A cidade é violenta
Uma mulher é estrangulada com o filho de um ano
Outra morre com 17 tiros
Uma senhora de 82 anos é atirada para fora de um ônibus
por garotos de 15 anos
A violência é nossa vizinha
Deu na televisão
Na televisão o presidente diz que o país vai bem
Que país é este?
entre marolas e tsunamis
o povão que se dane
praias paradisíacas e favelas
muito ricos e muito pobres
paradoxo céu e inferno
Esse ainda é o Brasil varonil
Que tristeza

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Cariava

O que passa em Cariava?
Os Maurícios na avenida.
As Marias procurando gasolina.
poucos procuram uma saída.
O que passa em Cariava?
Na municipal rola o tráfico
No centro o tráfego
Pessoas cegas
cabeças vazias
Não há distração
Não há cultura
Só os carros nas ruas
O que passa em Cariava?
Cidade pobre
pessoas pobres de posses.
pessoas pobres de espírito.
Alguns pensam que são reis
Seus castelos são de areia
O que passa em Cariava?
Pelo amor de Deus
Que uma pessoa sacuda essas pessoas

Andreza

Andreza Borges é minha abuelita
de faces enrugadas e pernas doentes
83 anos de vida sofrida
é uma das mulheres da minha vida
feliz quando estou feliz
triste quando estou triste
quando estou longe
sempre me espera com um sorriso
e sempre preocupada com o que vou comer no jantar
todo dia o café da tarde na mesa
amor incondicional por la vieja és lo que siento
queria inventar um jeito de minha abuelita viver pra sempre
pra eu nunca sentir falta dela

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Olhos verdes

Olhos verdes me protegem
me dão luz na escuridão
Olhos verdes me cativam
me hipnotizam
Olhos verdes me mostram a direção
não posso andar na contramão
Olhos verdes me mostram que a vida não é feia
no rosto de uma sereia.

A rua

A rua se repete
ando em círculos
estou perdido
tenho mapa
tenho óculos
a ambulância passa
olha o rapa
o cara da gravata
o cachorro quente
o mendigo sem dentes
A rua se repete
ando em círculos
estou perdido
escurece.

Fantasmas

Fantasmas me perseguem,
embaixo da cama,
no armário,
na rua,
na minha cabeça,
no espelho,
no cinema,
no futebol,
na televisão,
malditos fantasmas,
o tempo inteiro.

Enigma

A religião judaica,
católica,
protestante,
capitalista,
hindu,
islâmica,
budista,
agnóstica, não conseguiu explicar a vida após a morte.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Meu rosarino preferido

Meu rosarino preferido não se chama Che Guevara e sim Fito Páez.
As músicas deste monstro da música latina são inspiradoras.
Uma explosão de som, fúria e doçura.
Na sua obra encontramos canções de todos os calibres.
Desde canções nas quais Fito coloca o dedo nas feridas da América Latina, como La casa desaparecida e Al lado del camino, e sensiveis canções de amor como El cuarto de al lado e El amor depués del amor. O argentino ainda possui hinos de exaltação a vida como o super clássico Mariposa tecnicolor, "llevo la voz cantante, llevo la luz del tren, llevo un destino errante".
São canções elaboradas, por exemplo La casa desaparecida, canção que é um passeio pela história da Argentina, dura 11 minutos. É música para ouvir, se emocionar, pensar e sacudir o esqueleto. São tiros certeiros que cativam os fãs a cada novo disco. Seus shows costumam ser catárticos. Escrever com a sensibilidade e qualidade com que Fito escreve é para poucos privilegiados, apenas os residentes do Olimpo da música. As músicas deste argentino de Rosário são a trilha sonora de muitas pessoas do continente. Assim como Che, Fito com seu piano e suas canções inspira muitas pessoas a refletir e mudar o continente.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Eu vi o povo brasileiro

Eu vi o povo brasileiro. Foi em Belo Horizonte, Minas Gerais. Passava das seis horas da tarde, logo após a partida entre Atlético e Rio Branco pelo Campeonato Mineiro de futebol. Na saída do estádio Mineirão, em meio a fantasia e o ópio das massas que são a síntese do futebol neste continente, lá estava o povo brasileiro.
Vestia surradas roupas e um colete de vendedor credenciado da partida. O povo brasileiro era uma senhora, pequena, de faces muito enrugadas, aparentando possuir mais de 80 anos. Parada na saída do jogo, em meio aquele tumulto, sorria. Parecia uma imagem celestial, uma santa do terceiro mundo.
A imagem daquela senhora me despertou sentimentos distintos. Senti ao mesmo tempo ternura por aquela frágil figura e vergonha por as vezes por reclamar da vida, enquanto a idosa precisa trabalhar aos domingos, em ambientes tumultuados como os dos estádios de futebol, para não morrer de fome e necessidade.
Aquela senhora era o povo brasileiro, ali no meio da multidão, fazendo mágica pra driblar as dificuldades. O povo pobre do país rico. Como diz o grande Renato Russo "Que país é esse?" Que país é esse que vai sediar uma Copa do Mundo e obriga seus idosos a trabalhar, lhes negando a dignidade.
Mas apesar de tudo, aquela senhora ainda sorria. É como o nosso Zé Dylan da Paraíba canta "Vida de gado, povo marcado, povo feliz". Viva o nosso sofrido povo brasileiro.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Moinhos e ilusões

Não vivo em lugar nenhum.
Sem pátria, sem lugar.
Não vivo na montanha, nem na beira do cais.
Sou errante, sem lenço, documento e lugar pra ficar.
Um Dom Quixote atrás dos moinhos de vento.
Pescador de ilusões, vivo de sonhos.
Busco um lugar para andar com os dois pés firmes na terra.
Um lugar em que eu me sinta pleno e sinta a vida por completo.

sexta-feira, 13 de março de 2009

A vida

A vida é uma caminhada inexorável rumo a morte.
Aproveite o dia.

terça-feira, 10 de março de 2009

O anjo da bicicleta

Em Cariava, Cláudio trabalhava com crianças.
O país passava por um momento turbulento, muito desespero e truculência.
O governo, através da polícia, recebeu uma denúncia.
No prédio do trabalho do Cláudio haviam baderneiros.
Tumulto, gritaria e armas apontadas.
Era hora do almoço.
Cláudio sobe ao telhado e grita:
"Abaixem as armas, aqui só há crianças comendo".
O grupo de policiais despreparados atira em Cláudio.
Junto com Cláudio morrem o bom senso e a esperança no futuro.
Hoje um velho cantor errante conta a sua história continente afora.
O país não o esquece.
Cláudio virou o anjo da bicicleta.
Cariava era Rosário.

Dedicado a Cláudio "Pocho" Lepratti

segunda-feira, 9 de março de 2009

Blues do velho cão

Em Cariava vivia um velho cão.
Filho de uma cadela preta, preta como o carvão.
Seu pêlo era vermelho e seus olhos azuis, azuis da cor do céu.
Com eles mendigava nas ruas por um pedaço de pão.
Nas ruas sempre viveu o velho cão.
Sempre se esquivando da carrocinha pra não virar sabão.
Mas não reclamava da sorte o velho cão.
Quando o céu caía sempre sempre achava um canto em um beco qualquer.
Nenhuma cadela de madame lhe deu um afago sequer.
O tempo passou, a visão embaçou e o reumatismo chegou.
No meio da rua o velho cão viu um vulto preto.
Achou que a cadela preta da sua mãe lhe chamava.
E nos pneus pretos de um carro o velho cão encontrou o seu fim.
Esse foi o blues do velho cão.

terça-feira, 3 de março de 2009

Quando Skynet vier

Quando Skynet vier os Maurícios não vão mais atirar seus carros nos postes e as Marias vão ter que trocar de sobrenome.
Quando Skynet vier ninguém mais irá à praia.
Quando Skynet vier não existirão mais as barrigas de cerveja.
Quando Skynet vier a galera não vai mais gritar gol na arquibancada.
Quando Skynet vier as patrícias não serão mais glamour.
Quando Skynet vier ninguém mais comprara votos.
Quando Skynet vier as dondocas não irão mais fazer compras no exterior.
Quando Skynet vier ninguém mais irá plantar soja, nem maça.
Quando Skynet vier as ruas de Cariava voltarão ao início de tudo.